Modulação do líquido coxal do carrapato Ornithodoros brasiliensis (Acari: Argasidae) sobre alguns microrganismos
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Academic monograph
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Portuguese
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Abstract in Portuguese
Ornithodoros brasiliensis (Aragão) é um carrapato argasídeo, ectoparasita hematófago encontrado no Brasil, com distribuição restrita ao RS. Uma das características dos argasídeos é sua rápida ingurgitação, o que levou ao desenvolvimento de estratégias para manter a osmorregulação e o equilíbrio hidrostático, através da secreção do líquido coxal. O líquido coxal (LC) é o excesso de
fluido corpóreo filtrado e secretado pelas glândulas coxais durante e após a alimentação. São eliminados compostos orgânicos, sais e água. O intuito deste estudo foi verificar a capacidade moduladora do LC do O. brasiliensis sobre o crescimento microbiano. Sabe-se que os carrapatos são excelentes vetores de microrganismos patogênicos ou não, e essa ação pode estar envolvida diretamente com determinadas moléculas presentes no LC. Neste contexto, testamos duas
bactérias Gram (+) a Staphylococcus aureus e Micrococcus luteus e três Gram (-) Escherichia coli, Salmonella Typhimurium, Pseudomonas aeruginosa e a levedura Candida albicans. O LC foi coletado durante e após a alimentação dos carrapatos em coelhos (Oryctolagus cuniculus). Obteve-se um pool do LC de fêmeas e ninfas N4 alimentadas totalmente, que foi esterilizado em fluxo laminar com filtros de 0,22 μm (MilliPore), aliquotado e a dosagem protéica realizada em espectrofotômetro NanoDrop 2000 (Thermo) em A 280 nm. Para o fracionamento do LC utilizou-se filtros Vivaspin 6 (GE) com diferentes cortes 10, 30 e 50 kDa, e também Centrifugal Filter
Units (Milli Pore), ambos centrifugados a 3.000 rpm, por até 15 min, a 4 oC. O ensaio de atividade antimicrobiana foi realizado através de diluição em caldo Mueller-Hinton (bactérias) ou caldo Sabouraud Dextrose (C. albicans), sendo realizada a leitura a 595 nm em Espectrofotômetro Multiskan EX (Thermo Fisher) após 20 horas de incubação a 37 °C. Os resultados demonstraram a capacidade do LC (0,14 μg/poço) modular o crescimento celular, sendo observada a variação da proliferação em todos os microrganismos. A maior proliferação foi apresentada pela bactéria M. luteus com 35,25 % e a menor atividade proliferativa foi para a levedura C. albicans com 2,57 %.
A partir dos testes com as frações do líquido coxal observou-se que a C. albicans repetiu o padrão de inibição do crescimento celular e que provavelmente a principal atividade esteja na fração entre 10 e 30 kDa com 77 % de inibição. Já as bactérias apresentaram menor porcentagem de inibição, entretanto é possível observar uma variação de atividade relacionada às massas moleculares das amostras. Esses resultados sugerem que a E. coli talvez não seja patogênica ao carrapato, entretanto, já foi observado que os fungos podem ser usados no controle ambiental de carrapatos, isso explicaria a inibição da C. albicans, como uma defesa do carrapato. É necessário obter mais conhecimento sobre as moléculas que possam ser facilitadoras ou não para esses microrganismos, conhecer suas características e se são as mesmas que permitem que patógenos fiquem latentes dentro dos carrapatos.
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https://repositorio.butantan.gov.br/handle/butantan/5059
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Issue Date
2023
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