Avaliação do efeito da crotoxina em animais portadores de encefalomielite autoimune experimental, um modelo animais de esclerose múltipla
Título traduzido
Evaluation of crotoxin effect in the experimental autoimmune encephalomyelitis, an animal model of multiple sclerosis
Autor
Orientador
Afiliação Butantan
Tipo de documento
Master thesis
Idioma
Portuguese
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Open access
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Resumo em inglês
Multiple sclerosis is a Central Nervous System inflammatory demyelinating disease that has as primary symptoms losses of sensory, cognitive and motor functions. Among the sensory alterations, pain is one of the major concern, affecting various aspects of the patients lives. It is important to point out that MS has no cure, being the therapeutic approaches focused on stopping disease progression and cumulative neurological disability, promoting the relief of symptoms, improving the quality of life. Despite the importance of pain in multiple sclerosis, few experimental studies have been conducted in order to characterize the mechanisms involved in its genesis since locomotor impairments that accompany the disease difficult the response of the animals in experimental models of pain evaluation. Several animal models of Experimental Autoimmune Encephalomyelitis (EAE) have been developed, trying to reproduce, in animals, anatomical and behavioral changes observed in human multiple sclerosis. Recently, it was demonstrated that in MOG35- 55-induced EAE, an animal model of multiple sclerosis, hyperalgesia and allodynia, two phenomena of sensitization, appear before the onset of EAE symptoms, been considered "markers" of the same. Numerous studies in the literature have demonstrated the importance of compounds derived from animal poisons or toxins to treat a variety of human diseases. In this meaning, studies using crotoxin, a neurotoxin isolated from the venom of Crotalus durissus terrificus, demonstrated that this toxin is able to induce analgesic, antiinflammatory and immunomodulatory effects in different experimental models. Based on these information, the aim of this study is to evaluate the effect of crotoxin in the pain and in the onset and progression of clinical symptoms of experimental autoimmune encephalomyelitis, an animal model of multiple sclerosis. Our results demonstrated that MOG35-55-induced hyperalgesia arises before the onset of clinical signs, confirming previous data from Literature. Crotoxin, administered in a single dose, induced potent and long-lasting antinociceptive effect. When administered in repeated doses, besides interfering with the phenomenon of hypernociception, crotoxin interferes with the development and severity of the disease, observed by a delay in the onset of clinical signs as well as a lower intensity of these signs. In relation to the chemical mediation, the antinociceptive effect of crotoxin involves the participation of formyl peptide receptors, through the release of lipoxin A4, and the participation of muscarinic receptors. Since multiple sclerosis has no cure, results herein obtained confirm the importance of this study as well as the possible therapeutic effects of crotoxin previously observed.
Resumo
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune, que acarreta diversas alterações motoras, cognitivas e sensitivas. Dentre as alterações sensitivas, a dor é um dos graves problemas que afetam pessoas portadoras desta doença, interferindo com diversos aspectos da vida do paciente. É importante ressaltar que a esclerose múltipla não tem cura, sendo que a terapêutica se concentra nas ações que retardam a progressão da doença e promovem alívio dos sintomas, melhorando a qualidade de vida do paciente. Apesar da importância da dor nos quadros de esclerose múltipla, poucos estudos experimentais têm sido realizados objetivando caracterizar os mecanismos envolvidos na sua gênese. Este fato decorre da dificuldade de avaliação da nocicepção, uma vez que as alterações motoras que acompanham a doença dificultam e interferem com as respostas dos animais em modelos experimentais de avaliação da sensibilidade dolorosa. Diversos modelos animais de Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE) têm sido desenvolvidos para tentar reproduzir, em animais, as alterações anatômicas e comportamentais observadas na esclerose múltipla em humanos. Foi demonstrado recentemente que, em modelo de EAE induzida por imunização com MOG35–55, a hiperalgesia e alodínia, dois fenômenos de sensibilização que integram a hipernocicepção, aparecem em tempos anteriores ao aparecimento dos sintomas da EAE, podendo ser considerados fenômenos “marcadores” da mesma. Numerosos trabalhos da literatura têm demonstrado a importância de compostos derivados de venenos ou toxinas animais no tratamento de uma grande variedade de doenças humanas. Nesse sentido, estudos realizados utilizando a crotoxina, uma neurotoxina isolada do veneno de serpentes Crotalus durissus terrificus, demonstraram seu efeito analgésico, antiinflamatório e imunomodulatório em diferentes modelos experimentais. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito da crotoxina, tanto na dor quanto na instalação e evolução do quadro clínico da Encefalomielite Autoimune Experimental, modelo animal da esclerose múltipla. Nossos resultados demonstram que a hiperalgesia neste modelo, surge antes dos primeiros sinais clínicos, corroborando com os dados da literatura. A administração de crotoxina, em dose única e não tóxica, acarreta potente e duradouro efeito antinociceptivo. Ainda, quando administrada em doses repetidas, esta toxina, além de interferir com o fenômeno de hipernocicepção, interfere com o desenvolvimento e a intensidade da doença, observados por um retardo no início do aparecimento dos sinais clínicos bem como por uma menor intensidade nestes sinais. Com relação à mediação química, observamos que o efeito antinociceptivo da crotoxina envolve a participação de receptores peptídeo formil, por ação da lipoxina A4, e ainda, a participação dos receptores muscarínicos. Uma vez que a esclerose múltipla não tem cura, os resultados obtidos até o momento ressaltam a importância deste estudo, bem como confirmam os possíveis efeitos terapêuticos observados anteriormente para a crotoxina.
Referência
TEIXEIRA, Nathália Bernardes. Avaliação do efeito da crotoxina em animais portadores de encefalomielite autoimune experimental, um modelo animais de esclerose múltipla. 2012. 83 p. Dissertação (Mestrado em Ciências - Toxinologia) - Instituto Butantan, São Paulo, 2012.
Teixeira NB. Avaliação do efeito da crotoxina em animais portadores de encefalomielite autoimune experimental, um modelo animais de esclerose múltipla [Evaluation of crotoxin effect in the experimental autoimmune encephalomyelitis, an animal model of multiple sclerosis] [Master's thesis]. São Paulo: Instituto Butantan; 2012. 83 p. Portuguese
URL permanente para citação desta referência
https://repositorio.butantan.gov.br/handle/butantan/3321
Palavra-chave
Agência de fomento
Data de publicação
2012
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